O isolamento social e a disseminação da Covid-19 têm provocado ansiedade em muita gente. Antes da pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já apontava o Brasil como o país mais ansioso do mundo. Então, mais do que nunca, é preciso cuidar da saúde mental e da nossa rede de relações.
Considera-se de grande importância estarmos preparados para nos adaptarmos ao cenário atual, desenvolvendo em nós a competência de adaptabilidade.
O cenário atual está acompanhado da incerteza de quando e como isso passará, o medo de que nós ou alguém próximo que amamos adoeça, a possibilidade de morte, exclusão social, a impotência de proteger pessoas importantes, mudança de rotina, falta do contato físico. Tudo isso potencializa o medo, desencadeando aumento da ansiedade.
A ansiedade é definida como uma excessiva agitação do sistema nervoso central, é uma sensação desagradável e semelhante ao medo. Os seus efeitos se percebem logo e aparecem em situações reais ou imaginárias de ausência de controle.
A ansiedade nos faz estar vulneráveis diante dos desafios diários e nos faz perder interesse pelas coisas que davam prazer. Manifesta a dificuldade de concentração, memorização, de elaborar estratégias, pensamentos acelerados, dificuldades em tomar decisões, insônia, pesadelos constantes, dúvida sobre a própria capacidade de enfrentamento e apatia (sintomas mentais).
Além dos desgastes mentais, alguns sintomas físicos também podem dar as caras, como a aceleração no coração, sudorese, tremores, tensão muscular, dificuldade para respirar, dores de cabeça, cansaço ao acordar e até queda de cabelo.
Sugestões de como lidar com a Ansiedade diante o isolamento:
CRIE UMA ROTINA
Estabelecer uma rotina é importante para driblar a ansiedade durante o período de isolamento social. Por isso, determine horários para acordar, trabalhar, fazer atividades físicas, se alimentar e descansar. Fazer a rotina trará a sensação de estar tudo dentro do seu controle.
DIMINUA A AUTOCOBRANÇA
Use esse novo cenário para repensar algumas coisas em relação a sua rotina. Que tal aproveitar para diminuir a autocobrança? Ninguém consegue dar conta de tudo o tempo todo. O que realmente é importante é ter algumas atividades que possam proporcionar o prazer, mesmo que seja com pequenos cuidados com plantas, aprender uma receita nova, fazer algo diferente, escutar música, buscar se conectar com o seu gosto pessoal.
AUTOCUIDADO
O autocuidado é fundamental para lidar com as mudanças desse momento. Procure cuidar do corpo, das unhas, dos cabelos, fazer a sua maquiagem – se você gosta –, fazer a barba, usar perfume como estava acostumado. Desta forma, você sinaliza para o cérebro que você está vivo.
FAÇA MEDITAÇÃO
A meditação pode ajudar a acalmar, sendo uma grande aliada no combate à ansiedade, ao stress e aos problemas para dormir.
PRATIQUE EXERCÍCIOS FÍSICOS
Evite adiar as atividades físicas. Elas são responsáveis por diminuir a ansiedade e o stress, além de melhorar a qualidade do sono e a concentração.
BUSQUE ENCONTRO VIRTUAL
Promover encontro virtual auxilia a se conectar com as pessoas. Ao interagir com a família e amigos temos a sensação de estar mantendo o fortalecimento dos vínculos.
ROTINA FAMILIAR INCLUINDO AS CRIANÇAS
É importante manter um relacionamento saudável com as crianças. Auxilie-as a manter a rotina, fazendo combinados de forma divertida e lúdica, de forma que possam ter seu espaço para brincadeiras e que interajam com toda a família.
A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL NO COMBATE À ANSIEDADE
Todos podem fazer a Terapia Cognitivo Comportamental: homens, mulheres, crianças, adultos, pessoas com algum transtorno mental ou que estão passando por qualquer tipo de conflito interno. Entretanto, a TCC é altamente recomendada principalmente em casos de depressão, transtornos de ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo, síndrome do pânico, fobia social e outras situações que possuem como base fundamental os comportamentos, pensamentos e emoções da pessoa com relação à vida.
Sabendo que o objetivo principal da Terapia Cognitivo Comportamental é mudar os sistemas de significados dos pacientes para alterar suas emoções e comportamentos com relação às situações. O primeiro passo da terapia é entender esses sistemas.
Para isso, durante as sessões de TCC, o psicólogo vai identificando sentimentos, pensamentos e comportamentos de determinadas situações descritas pelo paciente. A partir disso, alguns padrões vão sendo identificados. São esses padrões que determinam crenças e percepções para cada experiência vivida.
Diante dos padrões mal adaptativos ou disfuncionais de pensamentos, cabe ao terapeuta auxiliar o paciente a encontrar novas possibilidades de pensamentos alternativos e mais funcionais que possibilitem uma boa adaptação à sua realidade social. Isso é feito a partir da determinação de um foco e de metas para que, com o tempo, o paciente adquira sua autonomia e possa lidar com as questões por conta própria. Esta é a reestruturação cognitiva e comportamental que dá nome à abordagem.
Entre as técnicas para mudanças de comportamento dentro da Terapia Cognitivo Comportamental estão:
- Reversão de hábitos para aumentar a percepção do paciente sobre cada episódio que traz desconforto. Gerar a capacidade de interromper isso com uma resposta mais adequada.
- Aumentar a consciência para identificar os fatores desencadeantes e as sequências de acontecimentos associados com determinado sintoma ou comportamento.
- Monitoramento e registro de cada ocorrência. Anota-se informações como dia e hora, localização, pensamentos, sentimentos e emoções que podem ser úteis ao tratamento.
- Utilização de uma resposta adequada para controlar a reação.
- Controle de stress, ensinando maneiras eficientes de respiração, relaxamento muscular e técnicas cognitivas para ajudar o controle da angústia.
- Prevenção de recaídas, ensinando o paciente a lidar com os fatores que desencadeiam situações negativas.